Da dor, do medo, do fim.


 - Depois de todo silêncio regado de álcool e drops, deixe que os gritos de sua alma sejam escritos e pintados. Deixe ser representado em telas zakurísticas o que teus olhos amendoados ainda não mostraram. Deixe que vire um blues, um rock. Cante sua dor por aí. Depois deste silêncio é preciso levar suas palavras pra passear.
  Agora deixe de lado o copo e a garrafa, venha na beira do mundo e, como quiser, grite! Faça sua dor ser ouvida pela sua boca. Deixe que ela dialogue com você, que lhe tire a respiração, que lhe sugue a alma. Ela enfraquecerá teu ser mas não teu espírito. Espíritos visionários não se cansam, não fraquejam, não desistem. Mas deixe-a dominar-te. Grite sua dor a ponto que ela se materialize em uma pessoa e deixe-a bater em você. Ela te espancará até que seus dentes fiquem lavados em vermelho e seus olhos já não abram mais. Não fuja, só deixe que ela crave unhas em teus lábios e que te levante pela garganta. Deixe ela puxar tua costela até que seu corpo estrale.
   Não pense que é loucura. Não passa nem perto disso. Se faça fraca, tire sua armadura e sua máscara. Tira seu batom e e seu óculos. Se possível venha nua e seja flagelada pelo o que mata aos poucos. Lance-se na parede e esmurre o próprio olho. Fala tua dor! Grita tua dor! Chora!
   Faça algo antes que ela contamine seu corpo. Escreva algo antes que ela tampe sua garganta. Chore um pouco antes que você se acostume com ela. Chame-a pra briga. Perca essa briga. Perca seu medo de perder-se, de perder. Meta a mão na parede, porra! Meta a mão no vidro, porra! Dirija um carro e o arremesse contra a parede.
   Coma sua dor com farinha e beba suas próprias lágrimas. Pinte sua dor e a exponha no quarto. Deixe que ela tire sua força. Deixe que ela quebre sua bola de vidro. Deixe que ela quebre os espelhos da sala. Xingue-a e a cutuque com vara curta.
   E... Quando já não tiver força, quando já não puder fingir força, quando já não quiser ter força, venha cair em meus braços. Venha se deitar em meu colo e deixe que eu passe a mão nos seus cabelos. Deixa-me brincar com suas bochechas e rodar você com a nossa música. Quando deixar toda sua armadura de lado, quando as máscaras estiverem caídas, quando não houver capa sobre ti, venha. Venha como é, sem artifícios ou palavras. Venha para conversarmos em silêncio. Venha para dormirmos. Venha ser fraca ao meu lado.

  - Não me deixe só.

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