Eu hoje não tenho palavras para escrever. Eu ouço músicas de todos os tipo, olho fixamente para esta imagem e tento criar mil personagens para disfarçar o que sinto, mas hoje não. Hoje o que meu coração tem pedido é um pouco de sinceridade para me deixar mais leve. Um pouco de verdade, alguns minutos sem a máscara que resolvi pintar para mim.
Eu hoje não tenho muitas cartas na manga e meus amigos reclamam do meu silêncio. Entretanto, na mesa do bar, entre a garrafas de cerveja e alguns remédios, eu passo desapercebido e minha cor real ninguém ver.
Eles, quando me veem, sempre sorriem e me dão abraços. Fazem piadas com minhas tristezas e esperam uma reação de mim, que fico rindo com lágrimas nos olhos. E quando me sento e em silêncio me reservo, os olhos deles riem de minha tristeza sentida. Minhas mãos trêmulas já não escrevem nem afagam seus cabelos e não há mais colo para que eu durma. O azul me bate tão violentamente! Me arremessa à altura de seu pescoço e arrasta meu corpo no deserto.
Eu, pinto de vermelho unhas, olhos, cabelos para disfarçar o meu blue, meu blues. Veem-me como aquele que passará por todas as coisas ileso, sem nenhum arranhão.
Mas quando estamos eu e o espelho de frente, e vejo dentro de meus olhos os seus olhos. Vejo em meus lábios a marca do seu batom. E só de lembrar de teu cheiro o meu ar se desfaz. Eu tento deitar e deixar que isso se desfaça, e nos sete minutos que antecedem meu sonho, eu me vejo azul. Eu me olho no espelho e não entendo por cada pequena coisa que eu toco dá errado.