quando eu o olho, começo a entender o que há dentro de mim. digo pra mim mesma que nunca fez sentido eu viver longe dele. basta eu ver suas linhas tão fortes quanto delicadas para compreender a necessidade esperar, ter calma, ter tranquilidade.

eu passo todo tempo me fazendo perguntas sobre mim mesma, sobre os outros que estão perto de mim, sobre nós, mas basta eu ouvir a sua voz para começar a pegar todas as questões e resolver como se fossem cubos mágicos a serem descartados em um balde. as coisas ficam fáceis e cresce em mim um sentimento de que tudo - e não "quase tudo" - dará certo. e dá.

e mergulho na incerteza do que me espera depois do abismo, mergulho na coragem para estar onde nunca estive. sinto-me conectada com todos os seres que também são tocados por ele. sinto fé.

saudade do mar.
soube desde o instante que seus olhos se encontraram com os dele que seu coração mudaria de órbita.
de repente, a língua se dividiu em duas para que pudessem conversar e se reconhecerem depois de milênios de amor.
dessa vez, a paz não exclui o medo e, juntos, alimentam a mais pura forma de paixão.
assim, se tornam sagradas as pernas que abraçam o corpo, o café pela manhã, o último cigarro da noite.
os dois se encarregam de queimar toda ponta de incerteza quando cruzam os olhos.
dois olhos negros.