DD/MM/AAAA




Hoje te procurei em velhos recados deixados escritos por muitos lugares. Hoje eu quis sentar em velhos lugares, em velhos horários, pra comer o velho chocolate te vendo passar por mim. E só hoje, me deu saudade do tempo em que ríamos dos filmes que nunca assistimos. Hoje, eu senti falta de seus meios sorrisos que apareciam entre conversas que não eram nossas. Hoje senti falta da vontade que tinha de ser o teu orgulho. Hoje, queria que você só me olhasse um pouco mais, mais que uma olhada desapercebida na rua, na chuva ou na fazenda. Hoje eu te procurei. Hoje eu te procurei como se eu buscasse achar o centro do meu alvo. Procurei dentro da bagunça que atende pelo meu nome, meu verdadeiro nome. Queria ouvir meu nome enquanto você me corrige. Enquanto você me desvenda aos poucos, como antes. Como Anne, como eu. Hoje eu procurei teu nome no meu caderno, na esperança de achar teu telefone, e quem sabe, conversar com você sobre o que gostamos. Poderíamos conversar sobre música, sobre pimenta, sobre bacon, ou só sobre nós mesmos. Algo assim, bem assim.
Mas hoje eu comecei a me perder quando tentava te achar, me perdi de tal forma, que quando assustei, estava imersa em palavras que chegarão nos teus olhos e ouvidos, com um outro sabor. Falei de ti hoje, e me arrependo disso. Hoje eu não lhe achei, nem em fotos eu achei, nem em devaneios lhe encontrei. E ao mesmo tempo, teus olhos estavam tão presentes. Como quem brinca com cores, como quem chora com dedos doloridos, como quem tem medo da chuva, ou quem bebe Pedra. Assim, só assim.
Hoje te quis, como nunca quis. Te quis pra conversar, pra trocar idéias, pra movimentar nossas cabeças. Não vou lhe dizer o que exatamente conversaríamos, porque não sei. Mas queria te levar à novos lugares, aos meus novos lugares favoritos e por que não aos velhos? Quero sempre assim, bem assim.
Hoje eu quis inventar desculpas pra falar com você, talvez lembrar de algo meu que ficou em você. Talvez lembrar de algo meu que ficou com você, e de coisas que você não deixou pra tras. Hoje eu quis sentir um pouquinho de frio na barriga. Barriga. Quis ouvir a banda que mais detesto e a música que mais me faz mal. Hoje queria ser só seu BlackBird, ser uma Little Wing, ser teu Tempo de Verão e tua Vermelha. Só tua. Hoje quis entender e ouvir o que você escreve. Quis te proteger do que você se enche e entender por que ainda fica vazio. Quis você pra tanto. Quis tanto você. Hoje quis brincar de desentendida, ser tua loucura. Hoje eu te vi, tropeçando em seus pés, numa estrada que você que escolheu partir. Hoje, foi um dia perfeito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário