The Beauty and the Beast I




- Oi
- Tudo bem com você?
- Tudo certo, e com você?
- Tudo bem, na medida do possível.
- Como assim? O que deixa seu possível na medida?
- Nada.
- Oras, o que tanto limita o teu "possível"?
- Nada, já disse.
- Se nada te limita, então você está bem sem medidas.
- Não. Só não quero falar pra você.
- Então escreva, você escreve melhor do que fala.
- Tchau.
- O que fiz?
- Nada.
- Onde vão tuas palavras na minha presença, baby?
- Não vão. Apenas se estatificam. Quietas permanecem.
- Há um motivo pra isso?
- Não sei. Você faz minhas sobrancelhas tremerem.
- Isso é bom?
- Isso é diferente.
- Então é bom. Mas ande, fale-me sobre teu possível tão limitado.
- Nada. É que algumas coisas são possíveis, e outras são apenas impossíveis.
- Custou dizer-me isso?
- Mais ou menos. Você me dá medo.
- Defina medo.
- Medo... oras. Uma sensação de insegurança ímpar. Frio na barriga que parece ter engolido o Alaska com sorvete. Ao mesmo tempo, é um combustível para fazer coisas mirabolantes, impossíveis.
- AHA!
- O que?
- Eu te faço ultrapassar o limite do possível?
- Eu não disse isso, de onde tirou essa idéia?
- Você disse que eu te dou medo. Depois definiu medo como combustível para coisas impossíveis. Ou seja, eu te dou vontade de ultrapassar limites. Qual limite quer ultrapassar hoje?
- Você é lunático e voluntarioso.
- Lunático. Quer me dizer de forma indireta que quer ir à Lua?
- Não, quero dizer que você é louco. Isso não acontece com você.
- Isso o que? Vamos, eu tenho a chave.
- Chave pra que?
- Pra abrir teus portões e tuas algemas.
- Acho que agora estou conversando com um louco completo.
- Acho que estou ficando com febre. Baby, you lighted my fire.
- (Risadas) Agora ví.
- Venha, você que escreve a sua vida.
- Isso que me assusta.
- O que te poe em condição de medo?
- Escrever minha vida. Tenho medo. Creio que não aprendi a fazer isso, e que também nunca fui ensinada.
- Relaxe my baby, relaxe. Não importa como você vai escrever. Se há margem, se há pontuação. É tua vida, e não importa quem leia, não importa se vende, não importa de que cor você escreve. Só escreva. Escreva...
- Será?
- Eu sei, você escreve melhor do que fala.

(...)

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