Era tão familiar quanto estranho onde nos encontramos. O calor externo que já chegava aos trinta graus não dava nem de ombros com a temperatura do meu corpo. Espasmos, dificuldade na fala, muitas passadas de mão no cabelo me evidenciavam que seria uma luta travada comigo mesmo para controlar a vontade de silenciosamente pedir um beijo.
Eu via os ossinhos do colo na camiseta decotada branca e já me via acrescentando línguas e beijos à minha vontade e à tua falta de medo. Pensava comigo se pudera existir qualquer coisa - física ou espiritual - que já me deixasse em estado de cachoeira em dias de cheia. Me via segurando meu próprio corpo, controlando até mesmo a respiração para deter qualquer distração que me deixe tirar sua blusa.
Os olhares, as pronúncias, o caos e a forma de se sentar provoca a inocente negociação com a consciência limpa. Eu te olho quase de perto e te mastigo em minhas pernas toda vez que sorrir pra mim como quem não tem horas para dormir. À sua maneira, me dá a sensação de que também não tenho hora de dormir.
Como quem morde uma fruta suculenta, mordo teus lábios apertando as tuas bochechas e te puxando para meu quadril. Chego a ver meus dedos enrolados no seu cabelo e o brilho do rastro de suor nas suas têmporas. Tremo quando meus lábios tentam te enganar que não há desejo.
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