Cheguei a vê-la dentro dos espelhos, em recados de canetas azuis, falando sobre um oásis que eu imaginei ser para nós. Curiosamente, foi difícil caminhar sem tremer por algumas horas e continuar respirando até hoje.
Ela estava em todos os lugares. Eu ainda sentia seu cheiro quando abria a porta do armário, ouvia sua voz nos copos de cachaça, a via sempre como peça ideal. Seu rosto moldava o meu, a ponto de meus dentes tomarem a forma dos dela e meus olhos se tornarem os dela. Eu a sentia escorrer em minhas costas quando lavava meus cabelos.
Toda sua leveza e seus tons verdes me matavam por dentro. A imagem do meu fracasso surgia quando ela passava na multidão com seus adornos redondos e vermelhos. Cores. É a isso que ela me remete. E usando me vejo, em tons de sépia, me despedaço por dentro, pois toda cor que tento colocar em mim, vira marrom.
No mais, eu vejo nela os quadris, os beijos, as cartas e fotos, o que por sinal me lembra a asma.
Fico no empasse de ser dois. Fico nesse impasse de ser duas. Fico na dúvida se há um dois.