Cama. Coma. Cuma?



Tirei o dia pra brincar com as palavras. Peguei elas pelas mãos e as levei no parque. Balançaram e correram. Sorriam como meninas. Tragaram-me pouco a pouco enquanto traziam-me pra realidade doce que eu tinha nas mãos. Em pequenas doses, sugaram-me sensualmente para dentro delas. Devastaram meus devaneios devassos. Me cobriram e cumpriram a nova ordem.
As vírgulas pulavam dos áquarios. Bares abertos, carros fechados, olhos atentos. Ares desertos, rastros apagados, horas imensas. Eu e você sentados em cadeiras, um de frente para o outro. Eu e você no mesmo corredor, um de frente para o outro. Eu e você, de frente para o outro.
Respiração a mil. Procuro na minha bolsa Captropil, Bronfilil... Quando me vi, já tinha se esgotado os "ils" e o ar. Apaixonei-me inocentemente pelo 180.1 lotado. Culpadamente pela ida sem vim. Pelos devaneios. Pelos renascidos de luzes. Pelos palhaços com rostos pintados. Pelos equilibristas. Pelos calculistas.
Tirei o dia pra brincar com as palavras. Tirei o dia pra me tirar do dia.

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