tempo

o chegar do envelhecer é tão distante quanto as pessoas que andam comigo dentro do trem. eu posso visualizar, mas não entendo e me pergunto todos os dias enquanto meu lençol pesa toneladas: por que tão depressa, relógio?

eu durmo e sonho com filetes de papel metálico e confetes caindo do céu e me levanto com o alarme que teima em dizer: grow up, kid. agora, eu preciso correr ainda mais pelo caminho que eu escolhi muito antes e tomar cuidado para não tropeçar no meio da minha ingenuidade. eu preciso torcer por mim mesma como ninguém nunca fez e, sobretudo, preciso lidar com a solidão que sempre me faz companhia nos dias que correm.

crescer nunca foi planejado. eu pensava comigo: eu estarei morta antes dos 15, facilmente. e depois, pensei que aos 17, aos 20 e agora são 21 e o relógio corre ainda mais rápido. os dias passam por mim sem deixar histórias e a rotina transformou meu café da manhã em cigarros e meu bom humor em algo esporádico.

são só 21h e eu já me sinto tão cansada, mais do que me achava às 17, mais do que imaginei que estaria aos 27.

hoje as coisas boas têm data e hora para acontecer, a surpresa já deu as costas. as coisas ruins continuam entrando pela janela da minha casa, mas por algum motivo, me falta desespero quando as vejo escorrer nos quartos que ainda são vazios.

cafeína, drops e outras felicidades, embora sempre presentes, desde sempre, parecem não exercer efeito na minha cabeça. uma vida passiva-agressiva que me mantem com saudades do que eu costumar ser, do que eu costumava ouvir.

as pessoas se surpreendem com minha idade, não importam quantos aniversários eu faça. elas sempre dizem: achei que você era mais velha. e eu digo a mim mesma: eu queria ser mais nova.

eu queria deitar meu corpo na cama e dormir e realmente meu corpo descansar e acordar com a juventude que foi predestinada pra mim. quero dormir. não quero acordar.

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