eu estive perdida dentro de mim mesma. inúmeros corredores não me levaram a lugar nenhum. eu vi sexo, bebidas, drogas, crianças. contudo, em maior parte de mim mesma eu não vi nada, como quando se olha para um galpão antigo cheio de bugigangas e ainda assim não se vê nada.
dentro de mim, tem muitas pessoas,, qalgumas delas são minhas, outras me possuem, outras eu já tive e não consigo me desfazer. dentro de mim tem muitas lágrimas e muitas risadas e muita lama.
eu vi meus talentos guardados em caixas de madeira e vi meus medos pendurados em paredes. eu vi a mentira e a verdade, mas ainda não sei quem me tocou pela última vez.
as coisas parecem tão simples de fora, mas entre as inúmeras paredes que carrego em mim i mundo já não é o mesmo. um pouco de alucinações e uma criatividade lúdica. inumeras personalidades penduradas em cabides em um armário que daria a volta no meu dedo. espelhos para todos os lados e gritos guardados em potes, como se fossem fetos conservados em formol.
e eu achei minha voz. várias páginas empoeiradas e já amarelas, muito lixo e móveis sobrepostos eu pude ver ouvir minha voz. ainda que fraca, trêmula e cansada, ela pulsava.

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