a minha tristeza tem cabelos cacheados com fios que se alternam em preto e cor de ouro velho. ela tem um sorriso largo e costuma ir à igreja antes de acordar com beijos. com vestidos estampados, chama atenção quando ao andar, o tecido cola em sua pele como beijo de adolescente.
ela desafina ao cantar enquanto lava a louça do almoço, em pose de flamingo. quando fica assim, posso ver por entre suas pernas, pela luz que sai da janela e ilumina o chão da cozinha. a minha tristeza é amada pelos meus amores e eles não conseguem se desvincilhar dela, daqueles olhinhos redondos que no sol tem cores diferentes.
festeira, ela me acompanha em todos os lugares. ela está comigo quando entro no ônibus e todos estão de terno e aparece sempre que eu vejo aquele sorriso.
a minha tristeza é uma coisa linda de se ver e seus amores são verdadeiros contos regados de por-do-sol, saudade e camas grandes.
a minha tristeza é mais dele que minha.
é dele.

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