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Ela estava com olhos contornados do tom mais escuro do marrom e, esse contorno, salientava o formato amendoado de seus olhos. Grandes, pulsantes. As veias ramificavam o vermelho para o branco de seus olhos, parecia que iam explodir ao mesmo tempo que arborizavam suavemente o olhar. As pupilas, dilatadas e grandes... Enormes, como nunca vi. As sobrancelhas trepidavam enquanto ela flexionava a testa olhando para o Sol.
Olhos castanhos que ganham uma nova tonalidade com o Sol do fim de tarde. Ela coloca seus óculos marrons, como sempre foi, e me olha, daquele jeito como quem grita os pensamentos. É constrangedor olhar seu rosto sem expressão e sentir que ele nos fala tanto. "Chega queima, chega entorpece, chega endoida", como Chico diria.
A grama tão dourada, tão vivida... Tão diferente de sua face mórbida. Nos dedos, anéis pesados e nos braços o seu relógio, que há muito não usava. Na boca um novo vermelho... Nem ameixa e nem vinho. Como não podia deixar de ser, uma jaqueta blue lhe cobre os ombros. Vestido branco e pés descalços. Tão engraçado como a tristeza combina com ela. Tão engraçado como ela fica linda com lágrimas nos olhos.
Mesmo que sentada de frente para o Sol, a sua luz e calor não parecia tocá-la nem por um segundo. Todas as palavras que me disse foram claras e sucintas.

"Todas as mentiras contadas, todas as verdades escondidas me afastam gradativamente de você. A confiança quebrada, o amor desperdiçado e a paixão fingida não têm perdão, não têm volta. Hoje eu vou embora, e acredito que você pode sentir isso pela forma que olho pra você. Foram tapas, socos, sangue demais que foram tirados de mim, para que eu pudesse te dar um pouco do meu ser, um pouco do meu melhor. No entanto, foi fácil rir de mim na mesa de bar com carne entre os dentes e álcool na garganta. Agora vou-me. Volto eu para meu buraco, de onde nenhum caranguejo deveria se dar o luxo de sair."

Ela disse adeus.