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Calor para acalmar o tédio. Desculpas para te ver sorrindo de novo. O preto dos olhos acabou. Ela estava blue naquela noite tão viva. Tão blue que seus passos estavam lentos de mais para o resto do mundo. Os hidrantes passaram despercebidos por ela. Sua voz estava com uma força que só se tem nas maiores adversidades da vida. Ela estava morrendo e eu era o único que sabia disso.
Ela estava com um toque frio e disfarçava sua verdadeira tonalidade com o batom vermelho. Ela esqueceu o preto dos olhos, me revelando seus motivos de estar assim. Entre todos, eu sabia que ela estava blue. Tão blue quanto um elevador vazio que não tem pra onde ir. Tão blue quanto um peixe que não sabe voar. Sua voz, entretanto, salvava-a em pequenos sussurros que dizia quando me abraçava.
Eu não acreditei, mas o que eu ainda não tinha percebido, me veio à tona como um soco na barriga, uma facada no pé do estômago: ela tinha voltado. Viva ali na minha frente, tão blue quanto o dia em que a vi pela primeira vez.
Vestidos cinzas, boca vermelha, olhos marcados. Uma menininha que contava os seus dedos. Ela estava de volta, com o mundo nas costas e uma grande estrada nos pés. Cansada e ofegante. Ela respirava profundamente quando bebia da minha bebida favorita. Uma mente fantasiosa andando nas nuvens enquanto seus pés estavam presos por um grilhão que pesava muito. Morta e viva na minha presença. Falando com veracidade dada pelo vinho da noite.
Com medo, com esperança. Uma menininha que contava as gotas da chuva. Naquela noite, onde seus efeitos já não eram fortes contra mim, eu pude observar de longe e ver como realmente era a verdade daquela garota.
Antes de tudo era uma garota, e só por isso eu já podia esperar o inesperado. Seu corpo não era como os corpos idolatrados pela maioria, mas ainda assim era admirável. Uma mente esperta que se fazia de lenta. Uma mente cansada se fazendo de viva. Algo nos olhos delas me intrigam para um mistério já revelado.
Nunca houve perguntas que não soubesse a resposta. Ainda assim, eu queria ouvir ela me dizer isso como um deja vù. Ali, ao lado dos hidrantes, onde tudo começou, tudo teve o seu fim.
Ela saiu como quem não vai voltar. Sorriu e acenou para todos, mas eu vi ela morrendo diante dos meus olhos.
(...)
Foi achado um corpo perto das luzes que não se apagam. Foi achado um corpo e não se sabe como, ele estava intacto. Nenhum arranhão.

Ela ainda está viva.

2 comentários:

  1. eu falo pra minha namorada:
    "lê esse blog que é muito bom"
    ela é incapaz de entender.
    tola...

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  2. HAHA

    Talvez, os homens me entendam melhor que as mulheres.

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