Fico ouvindo os baldes de água se enchendo enquanto ela dedilha os dedinhos pequenos no violão. A felicidade nunca foi tão presente em nosso pequeno lar e a vida parece andar lentamente. As janelas de vidro convidam o grande Sol para nossa cozinha e eu vejo o rosto dela agora um pouco mais amarelado.
Eu não poderia deixá-la de amar nem por um segundo. Eu não conseguiria vivar sem minha pequena.
Deixei sinais espalhados pela nossa casa para não esquecer que um dia a tive nos braços de forma única que fez meu coração pulsar um novo sangue.
Os baldes transbordam. Minha mente se enche de água quando meu coração lembra daqueles pequenos pés imundos no nosso lençól, na nossa cama. O mundo pareceu tão injusto com a vida, que ela descontou em nosso amor para se vingar de tamanha injustiça.
Eu olho ela dedilhar no violão com suas mãosinhas tão pequenas e magras. Ela nem sabe que a olho, nem mesmo deve lembrar meu nme ou o que nós vivemos. Hoje está entre outras pernas e seu coração em outras mãos.
Eu, hoje, procuro a música certa para fazer as palavras saírem, enquanto minhas lágrimas nem pestanejam antes de cair. Basta lembra do nosso pequeno precioso estranho amor que todas gotas dançam em minhas bochechas magras.
Eu lembro de comprar pão, do sofá, dos apertos. Lembro das cartas que trocamos e que não (NÃO!) consigo me desfazer. Esse pequeno peixinho, esse meu inferno astral está presente em todos os meus seres e nâo há veneno que mate essa dádiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário